Estima-se
que, no Brasil, mais de 10 milhões de pessoas vivam com diabetes, segundo dados
da Sociedade Brasileira de Diabetes. Muitas delas ainda são crianças. A diabetes tipo 1 é a mais comum entre as crianças e
jovens. Em vários desses casos, a descoberta da doença é difícil e demorada.
Max David não tinha completado 3 anos, quando a mãe, Andréia Kruger,
descobriu, depois de muita insistência, o que realmente seu filho tinha.
Foi
uma intensa maratona e não seria exagero dizer que foi graças a seu instinto
materno que a diabetes foi descoberta a tempo de ele ter tido consequências
mais graves. Ela relata que já eram duas semanas percorrendo todos os hospitais
particulares da cidade e vários pediatras e o diagnóstico era sempre o mesmo:
infecção urinária. O garoto estava tendo incontinência frequente e perda de
peso. Andréia decidiu procurar outro médico e continuou sendo tratado, durante
2 semanas, como sendo incontinência.
“Mas
eu estava muito inquieta quanto ao diagnóstico. Até que um dia, na saída do
prédio, bati meu carro no de uma mulher. Ela me falou que estava com pressa
porque a filha era diabética tipo 1 e ela não podia ficar muito tempo. Até
então, não sabia o que era diabetes tipo 1”, relatou. A partir disso, Andréia
começou a pesquisar e estudar sobre a doença.
Em
mais uma ida ao hospital, novamente a plantonista disse que o menino estava com
infecção urinária e iria passar um soro, mas Andréia não aceitou e pediu para
medir a glicemia, no entanto a médica se recusou. Mesmo a mãe argumentando que
queria saber se o filho tinha algo mais grave, a médica continuou irredutível.
“Ele já estava pálido e com muita incontinência. Pedi para que outro
profissional atendesse ele. Veio outra médica de plantão e pedi que fizesse a
glicemia para saber se tinha diabetes tipo 1, porque o avô dele tinha falecido
com diabetes”. Depois de muita insistência, foi feito o exame.
Para
surpresa de todos, a glicemia do Max estava bem acima do tolerável e, já em pré-coma,
ele foi direto para a Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Foram 12 dias de
internamento e muitas mudanças repentinas na rotina dele e de toda família.
“Quando uma mãe sabe que seu filho é diabético tipo 1 de uma forma agressiva
como fiquei sabendo, ele com apenas 3 anos, é como se a terra tivesse te
engolindo”, contou. Mas Andreia teve que ser forte para passar força e segurança
para o Max David.
O que é
De
acordo com informações do Departamento de Endocrinologia Pediátrica da
Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a diabetes tipo 1 é a que mais acomete
crianças e adolescentes. Ele é uma doença autoimune causada pela produção de
anticorpos que levam à destruição das células do pâncreas que produzem
insulina. Por isso, a pessoa portadora desse tipo de diabetes necessita do uso
de insulina para mantê-lo controlado. Por conta disso, como o açúcar que não
pode entrar nas células devido à falta de insulina vai aumentando sua
quantidade no sangue (hiperglicemia) até chegar a um ponto em que o excesso tem
de ser colocado pra fora pela urina. E aí as consequências vêm em cadeia: a
pessoa passa a urinar várias vezes e em muita quantidade, tem mais sede, perda
de peso (pois as células não podem usar o açúcar e o organismo usa a gordura em
substituição, embora tenha muita fome.
![]() |
Andreia e Max David: parceria para enfrentar a diabetes |
A
vida da família de Max David deu um giro de 360º depois da descoberta da
diabetes. Andréia passou a pesquisar tudo sobre a doença, para saber como lidar
e como possibilitar a melhor qualidade de vida para seu filho. Foram mudadas
rotina e alimentação, para controlar a glicemia dele. Precisou mudar de escola
para encontrar uma disposta a possibilitar ao garoto um dia a dia normal de uma
criança, mas com os cuidados que ele requer.
Segundo
Andréa, conviver com a doença não é fácil. “É uma bomba-relógio. Você acordar
seu filho dando ‘bom dia’ já com duas canetas de insulina e depois mais
insulina na hora do almoço, no meio da tarde e à noite mais. É difícil! E furar
os dedinhos mais de 10 vezes ao dia? Mas aqui estamos firmes e fortes. Mudamos
nossa vida, nossa qualidade de vida, nossos sonhos, vivemos uma nova
realidade”, relatou.
“Aprendemos
a conviver com a doença. Hoje sou estudantes de nutrição e tenho aprendido
muito para ajudar meu filho. A escola que ele está agora abraçou a causa, todos
sabem que ele é diabético tipo 1, as professoras ajudam no monitoramento da
disciplina e até os amiguinhos já mandam lanchinho diet pra ele, o assunto é
tratado na escola que prega sobre a educação em alimentação saudável”, contou a
mamãe Andréia Kruger.
10 Coisas que você precisa
saber sobre diabetes na infância
1 – O diabetes é uma doença bastante
comum. Segundo dados da OMS, pelo menos 170 milhões de pessoas sofrem da doença
atualmente. Em 2025, este número deverá atingir 300 milhões de pessoas. No
Brasil, cerca de 10 milhões de pessoas têm diabetes e metade delas desconhece sua condição.
2 – Para
descobrir se seu filho tem diabetes é
importante saber como identificar os sintomas. Alguns deles são caracterizados pelo excesso de sede e
de urina, e pela perda de peso. Algumas crianças voltam a urinar na cama ou
acordam com frequência para beber água no decorrer da madrugada. Se perceber
essas ocorrências, é fundamental consultar um endocrinologista pediatra de
imediato.
3 – O
tratamento para o diabetes pode ser ou não efetuado através da aplicação de insulinas, sendo essencial a avaliação
com um endocrinologista pediátrico.
4 – A
dedicação e o carinho por parte da família é fundamental para crianças com
diabetes, principalmente por parte dos pais. Eles que devem sempre ficar
atentos em manter uma frequência nas consultas médicas para saber se a criança
está com uma velocidade adequada do aumento de peso e altura e também para
ajustes na terapia insulínica,
que varia de acordo com as fases do desenvolvimento.
5 – A automonitorização da glicemia,
a educação em diabetes, a prática de atividade física e o controle nutricional
são necessidades comuns e importantes em qualquer faixa etária de pacientes
com diabetes tipo 1, tanto nas crianças quanto nos adultos, e precisa
fazer parte da rotina de tratamento.
6 – É
importante a ajuda dos pais na inclusão da automonitorização no dia a dia do
paciente, realizada de forma natural e sempre envolvendo seu filho nas decisões
tomadas.
7 – Nem
sempre a criança entende ou aceita bem a doença. Por conta disso, se
necessário, deve ser feito acompanhamento de um psicólogo.
8 – Realizar
a integração dos pacientes com outras crianças que também possuem diabetes,
através de encontros, associações e acampamentos é um ótimo meio de, além de
ajudar seu filho a lidar com a questão, ensiná-lo e educá-lo mais sobre o
assunto.
9 – É
fundamental que os pais evitem a superproteção e a discriminação no processo de
aceitação.
10 – Após
a infância e adolescência, os cuidados devem continuar os mesmos, mas o
paciente deve ser encaminhado para um ambulatório de transição, onde o
endocrinologista pediátrico e o endocrinologista adulto atendam simultaneamente
a criança.
Fonte: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
Beijos
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