O crescimento da violência tem feito com que as
pessoas se sintam cada vez menos seguras. Lamentavelmente, todos os dias temos
vivido ou tomado conhecimento de situações de violência, seja contra nós mesmos,
pessoas próximas, conhecidos ou através dos telejornais. A sensação de
insegurança é grande! E isso tem forçado as famílias a mudarem um pouco sua
rotina. Mas, e as crianças, como ficam em meio a isso tudo?
Às vezes me pego lembrando que com uns 8 anos eu já
andava de ônibus sozinha com minha irmã, para irmos do Siqueira Campos ao
Conservatório de Música, no Centro; também íamos e voltávamos andando de casa
para a escola. Hoje, confesso, não vejo minha filha de 10 anos fazendo isso. Os
tempos realmente são outros! A psicóloga e neuropsicóloga Fernanda Dória observa
que a insegurança é um estado de medo ou temor
diante de qualquer fato real ou imaginário e pode afetar crianças desde muito
cedo. E isso pode acontecer nas mais variadas situações, como desde um primeiro
dia de aula, uma ida ao dentista ou dormir sozinho num quarto escuro.
“Atualmente, com o acesso a tanta informação, as
crianças passam a compartilhar com os pais imagens com cenas violentas e
informações de terror ao redor do mundo. Por isso o temor de ser
assaltado, sequestrado ou agredido se tornou comum, pois, em nosso dia a dia, é
possível ouvir relatos de algum tipo de violência, nos levando a adotar novos
hábitos, que, consequentemente, mudam a nossa forma de viver”, disse Fernanda.
Segundo ela, a criança pode não perceber como seus
pais ou responsáveis se preocupam com a segurança, mas isto afeta diretamente a
rotina da família e frequentemente a criança recebe orientações sobre cuidados,
como não falar com estranhos e não se afastar dos pais. Muitas vezes, os pais
geram um tipo de ansiedade nas crianças em falar que algo muito ruim pode
acontecer caso elas desobedeçam. “As crianças atualmente estão crescendo
sob essa realidade da violência pública. Ainda que nunca tenham sido vítimas de
um ataque, acabam tendo que se adaptar a uma vida de estar sempre em
vigilância, na tentativa de fugir da insegurança”, destacou a psicóloga.
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Fernanda Dória: apoio dos pais é essencial |
Alerta
Fernanda Dória, da Clínica Dialog, ressalta que é importante observar se
a criança demonstra alívio ou tensão quando o assunto é abordado e, através
desta observação, auxiliá-la a aliviar a tensão. Se a criança ficar
agitada, correndo de um lado para o outro, chorando e gritando, por exemplo, o
ideal é deixá-la livre para que possa liberar as tensões. “Cabe aos pais
ajudá-la a transformar o que houve de forma lúdica, sem nenhuma repreensão do
que ela falar ou se expressar. É recomendável pedir para ela desenhar
livremente o que quiser, sempre brincando e transmitindo para ela que já está
segura”, orientou.
Para ela, o apoio dos pais ou responsáveis é essencial para a criança
conseguir elaborar o fato com mais facilidade. É importante acompanhar as
reações da criança também no dia seguinte e, se necessário, buscar ajuda
especializada o quanto antes. Os pais e outros responsáveis devem atentar para
o acesso das crianças aos computadores e à televisão porque, a depender do
conteúdo, as crianças passam a vivenciar informações sobre violência, crimes,
abusos e outros temas que não são indicados para a faixa de idade delas.
“Na internet, por exemplo, deve haver uma vigilância em relação ao tipo
de informação compartilhada. É necessário conversar com os filhos sobre os
riscos nas ruas e também no mundo virtual, mas sempre com o cuidado de não se
criar um ambiente como se pudéssemos viver numa bolha de proteção. A educação é
importante para que as crianças saibam como lidar com os riscos e
principalmente ter liberdade para conversar com os adultos numa situação
suspeita”, ressaltou Fernanda.
Na avaliação da psicóloga, a escola pode ser uma grande parceira nesse
relacionamento, auxiliando com conversas e orientações para que a criança se
sinta segura. Se a família perceber algo diferente da rotina, deve buscar uma
ajuda psicológica para entender algum processo pelo qual esteja passando essa
criança. “No mais é garantir diálogo, informações corretas e respeitar a idade
de cada um na hora de falar sobre determinados assuntos. Crianças
pequenas, maiores e adolescentes devem ser tratados de forma diferente também
no momento das orientações sobre segurança e o risco de um assalto ou sequestro
por exemplo”, ressaltou Fernanda Dória.
Beijos
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