Pesquisa
na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP constatou que o
aleitamento materno, além de todas as vantagens insistentemente divulgadas,
também está ligado às menores taxas de diarreia aguda, infecções do trato
respiratório, otite média e outras infecções e a menor mortalidade de crianças
por essas doenças. Os resultados mostraram, ainda, que crianças que não mamaram
tiveram 2,6 vezes mais chances de ter diarreia.
Outros
dados chamaram a atenção, como a constatação de que o uso da chupeta,
especialmente durante o dia, pode elevar em quatro vezes as chances de a
criança parar de mamar o peito, quando comparada com crianças que não usam. E,
ainda, que as crianças que não usaram mamadeira apresentaram 16 vezes mais
chances de receberem o aleitamento materno.
O
estudo foi feito pela enfermeira Floriacy Stabnow Santos na cidade de
Imperatriz, no Maranhão. O interesse da enfermeira pelo tema se deu por não
existir uma pesquisa sobre essa temática naquele município. “Apesar desses
dados refletirem o que outros estudos encontraram em vários municípios do país,
Imperatriz tem condições de vida preocupantes, quanto a situação
socioeconômica, infraestrutura entre outros, além do que o índice de
aleitamento materno exclusivo entre crianças de seis meses é de apenas 2,8%”,
diz.
Imperatriz
é a segunda cidade mais populosa do Estado, com mais de 250 mil habitantes,
localizada na divisa com o Estado do Tocantins e a cerca de 600 km da capital,
São Luiz. Seu Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) que avalia
saúde, educação e renda, e divulgado no Atlas Brasil de 2013 pelo Programa das
Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) é de 0,731, que leva a cidade a
ocupar a 993º posição entre os 5.565 municípios brasileiros.
A
pesquisadora coletou dados sobre a importância do aleitamento materno em
menores de um ano de idade, e os benefícios que essa pratica traz, associando
os tipos de aleitamento com os casos de diarreia aguda. “O leite materno é um
alimento indispensável no início da vida do recém-nascido, pois, oferece
substâncias nutritivas, que fazem o bebê criar anticorpos”, lembra Floriacy.
As
vantagens dessa prática, diz a pesquisadora, são: a satisfação do instinto
materno, a redução do estresse e mau-humor, a sensação de bem-estar, devido à liberação
endógena de beta-endorfina, a promoção da contração uterina pela ocitocina
liberada com a sucção do bebê e suspensão da menstruação no período em que a
mulher está amamentando exclusivamente.
Perfil
Para
a participação da amostra da pesquisa, foram exigidos critérios como: a criança
e seu acompanhante, seja pais, irmãos, avós, tios, mães adotivas ou babás,
estarem cadastrados na Estratégia Saúde da Família (ESF), ser residente da zona
urbana de Imperatriz, e a criança deveria ser menor de 1 ano de idade.
A
pesquisa foi realizada com 854 crianças menores de 12 meses de idade, 441
menores de seis meses, e 413 de seis meses a 12 meses. No momento da coleta de
dados, das 854 crianças menores de 12 meses de idade, 128 não recebiam
aleitamento materno. As demais, recebiam algum tipo como: exclusivo,
predominante, misto ou complementado.
Floriacy
lembra que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o aleitamento materno
exclusivo até o sexto mês de vida da criança, e complementado por outros alimentos
até aos 2 anos de vida ou mais.
Diarreia aguda e maturidade materna
A
diarreia aguda foi identificada em 196 crianças. Entre as de seis a 12 meses,
145 crianças tiveram diarreia. A idade
materna foi significante para a incidência da diarreia aguda. “Quanto maior a
idade materna, menor risco a criança corre de apresentar diarreia aguda.
Estudos mostram que a falta de conhecimento materno devido à baixa escolaridade
e à pouca idade podem contribuir para o aparecimento de doenças na criança,
especialmente, a diarreia aguda, já que pode ocorrer uma falta de entendimento
sobre os cuidados com a criança, no que diz respeito à higiene e à
alimentação”, afirma a pesquisadora.
Dentre
as crianças com diarreia, 22 necessitaram de hospitalização, sendo 5 menores de
6 meses e 17 de 6 a 12 meses. A pesquisadora conta que a complicação mais
frequente da diarreia é a desidratação, que pode levar a criança ao óbito.
Segundo
Floriacy, as doenças diarreicas podem acontecer em consequência de vários
fatores como: toxinas bacterianas, infecções virais, parasitas intestinais,
intolerância a derivados do leite pela incapacidade de digerir lactose (açúcar
do leite), e infecções por bactérias como a Salmonella, que é uma doença
infecciosa transmitida ao homem por meio da ingestão de alimentos contaminados
com fezes animais, e a Shighella, uma bactéria que pode contaminar os alimentos
e causar diarreia.
Leite materno
Durante
o começo da vida do bebê, vários alimentos e produtos são oferecidos para a
substituição do leite materno, como por exemplo a chupeta, mamadeira e
alimentos que são designados como complementação alimentar, mas estes são
considerados fatores que dificultam a amamentação.
A
pesquisadora diz que a introdução de outros líquidos, como água e chá, pode ser
considerada como um erro, pois quanto menos forem oferecidos, maior a chance da
criança amamentar. “Para as mães, muitas vezes o leite não é suficiente, e para
saciar a sede de seus bebês oferecem os demais líquidos. Isso é muito presente
na cidade de Imperatriz e as mães justificam a atitude por conta de a cidade
ser muito quente”, conta Floriacy.
Para
enfermeira, os demais alimentos não têm benefícios e o uso de alimentos
complementares antes dos seis meses não traz proveito nutricional para as
crianças, podendo ocasionar malefícios à saúde”.
Em
2005 o Ministério da Saúde lançou um guia alimentar que foi reeditado em 2010
com os Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para crianças
menores de dois anos: um guia para o profissional da saúde na atenção básica.
“Segundo esse guia, após os seis meses a criança pode receber complementação
alimentar. A mãe deve introduzir outros alimentos de forma lenta e gradual,
mas, evitando a introdução de açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes,
balas, salgadinhos e outras guloseimas. Sal e gordura usar com moderação”.
O
estudo de doutorado Aleitamento materno e diarreia em menores de um ano de
idade em Imperatriz – MA foi feito na EERP, com orientação da professora Débora
Falleiros de Mello. A defesa aconteceu em abril de 2015.
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Fonte: USP
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