Até
descobrir a alergia, foram muitas as dificuldades. Olga teve um quadro de
assaduras pelo corpo muito grave, causado justamente pela alergia. “Tivemos que
ouvir de neonatologista que o que ela tinha era falta de cuidado, de atenção”,
desabafou Flávia, que foi a fundo, por conta própria, tentar descobrir o que a
menina tinha. Depois de descoberta a alergia, Flávia passou por um processo de
reeducação alimentar, para poder desintoxicar seu leite, para que Olga
continuasse mamando.
“Fomos no
Banco de Leite durante 15 dias, manhã e tarde, para ela pegar o peito. Até hoje
ela nunca ingeriu mamadeira nenhuma. A alergista dela disse que a alergia de
Olga é tão forte que se ela tivesse tomado algum outro leite ela tinha ido
parar na UTI, porque Olga é uma criança com alergia alimentar múltipla”,
revelou a mãe.
Hoje, na
casa da família há uma regra: Olga só come comida feita em casa. Todo alimento
ofertado a ela é produzido pelos pais, até mesmo pães e biscoitos. “Tudo para
que ela se recupere da alergia. Todo um cuidado com o objetivo que ela tenha
uma boa saúde”, disse Flávia.
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Flávia e Olga mamando (de olho na mamãe) - ao fundo - durante a Hora do Mamaço 2014, em Aracaju |
De acordo
com a mãe de Olga, que hoje está com um ano e dois meses e continua sendo
amamentada no peito, o Banco de Leite Marly Sarney, localizado em Aracaju (SE),
foi importantíssimo nesse processo. “Talvez sem ele nós não teríamos levado
adiante”, declarou.
A
coordenadora do Banco de Leite Marly Sarney, Hélia Karla Agapito, disse que o
motivo que mais leva as mães a recorrerem ao BLH é justamente a dificuldade em
amamentar, porque pelo conhecimento que têm muitas pensam que é fácil. “Mas a
teoria é uma coisa e a prática se torna outra. E se não tiver o apoio de
profissionais e da família para manter esse aleitamento as mães ficam muito
perdidas”, disse.
Segundo
Hélia, na maioria das vezes as mães que procuram o Banco de Leite já chegam à
unidade com complicações, com intercorrências como fissuras, com o peito
ingurgitado (empedrado) e às vezes não sabem nem a melhor posição para
amamentar. “Então elas vão ao banco e lá encontram o apoio dos profissionais e
começam a tirar suas dúvidas para que possam, de fato, amamentar e ao mesmo
tempo corrigindo as intercorrências”, destacou.
A coordenadora de processamento e qualidade do Banco de Leite do
Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, Danielle Aparecida da Silva, também
ressalta a importância
dos Bancos de Leite Humano. “Eles são casas de
apoio à amamentação. Sabe quando a gente ouve as mães falando que o seu leite é
fraco, ou que está cheia de pedra de leite, ou que o bebê não gosta do peito
esquerdo? Pois então, todos estes ‘problemas’, ou até mesmo dúvidas que surjam
desde a gravidez e logo após ao nascimento do bebê podem ser esclarecidas pela
equipe do Banco de Leite, onde há uma equipe de profissionais sempre dispostos
a promover o aleitamento materno”, afirmou.
Segundo ela, além das atividades de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, um Banco de Leite Humano também desenvolve atividades de coleta de leite humano, seleção e classificação do mesmo, pasteurização e controle de qualidade para distribuição do leite doado com qualidade certificada para bebês prematuros que estão impossibilitados de serem amamentados diretamente ao seio materno (veja box logo abaixo).
No ano de 2013
foram beneficiados 182.623 recém-nascidos prematuros e de baixo peso com o
leite que foi doado por 162.620 mães solidárias em todo Brasil. No ano passado,
toda essa doação rendeu a coleta de 179.251,5 litros de leite.
Apesar de parecer um volume elevado, Danielle Aparecida da Silva ressalta que o ideal seria que cada unidade de atenção neonatal pudesse ter o seu próprio Banco de Leite. “Mas, infelizmente, ainda não alcançamos esta realidade e por isso a importância de multiplicar os conhecimentos sobre os bancos e propagandas”, disse. Atualmente, o Brasil conta com 213 bancos em sua Rede Hospitalar e 141 postos de coleta.
Veja como ser uma doadora de leite
humano
Se
por um lado algumas mulheres têm dificuldade de amamentar ou acham que o seu
leite é pouco, por outro há mães que produzem um volume de leite que supera a
necessidade do seu bebê. Mas essa produção pode (e deve!) ser aproveitada para
salvar a vida de outros bebês, através da doação de leite humano. Essa é outra
missão dos Bancos de Leite Humano.
Para
doar, basta que a mulher seja saudável e não esteja tomando nenhum medicamento
que interfira na amamentação. A mamãe vai ao Banco de Leite Humano com seus
exames pré-natal ou o cartão da gestante, juntamente com seu bebê, para ser
avaliada e receber toda orientação sobre a retirada e armazenamento do leite. E
a doação é importantíssima. Já que o leite ajuda a nutrir crianças
impossibilitadas de consumir o alimento da própria mãe. Normalmente, os bancos
de leite se encarregam depois de ir até a residência da doadora buscar o leite
coletado.
É
importante também que que quiser colaborar com essa causa pode ajudar fazendo a
doação de vasos de vidro que são usados para o armazenamento do leite doado.
Essa é uma carência de todos os bancos de leite. Se você tem vasinhos de
maionese ou café solúvel em vidro sem estar utilizando, entre em contato com o Banco
de Leite mais próximo para que possa entregá-los.
A
seguir confira um passo a passo com todos os procedimentos para fazer a doação
corretamente.
Preparo do frasco para guardar o leite:
•
Lave um frasco de vidro com tampa de plástico (do tipo maionese ou café
solúvel), retirando o rótulo e o papel de dentro da tampa.
•
Coloque o frasco e a tampa em uma panela, cobrindo-os com água.
•
Ferva-os por 15 minutos, contando o tempo a partir do início da fervura.
•
Escorra-os sobre um pano limpo até secar.
•
Feche o frasco sem tocar com a mão na parte interna da tampa.
•
O ideal é deixar vários frascos preparados.
Higiene pessoal antes de iniciar a
coleta:
•
Use uma touca ou um lenço para cobrir os cabelos.
•
Coloque uma fralda de pano ou uma máscara sobre o nariz e a boca.
•
Lave as mãos e os braços até o cotovelo com bastante água e sabão.
•
Lave as mamas apenas com água.
•
Seque mãos e as mamas com toalha limpa.
Local adequado para retirar o leite:
•
Escolha um lugar confortável, limpo e tranquilo.
•
Forre uma mesa com pano limpo para colocar o frasco e a tampa.
•
Evite conversar durante a retirada do leite.
Saiba como retirar o leite das mamas:
•
Massageie as mamas com a ponta dos dedos, fazendo movimentos circulares no
sentido da parte escura (aréola) para o corpo.
•
Coloque o polegar acima da linha onde acaba a aréola.
•
Coloque os dedos indicador e médio abaixo da aréola.
•
Firme os dedos e empurre para trás em direção ao corpo.
•
Aperte o polegar contra os outros dedos até sair o leite.
•
Despreze os primeiros jatos ou gotas.
•
Em seguida, abra o frasco e coloque a tampa sobre a mesa, forrada com um pano
limpo, com a abertura para cima.
•
Colha o leite no frasco, colocando-o debaixo da aréola.
•
Após terminar a coleta, feche bem o frasco.
Como guardar o leite coletado?
•
Anote na tampa do frasco a data e a hora em que realizou a primeira coleta do
leite e guarde o frasco fechado imediatamente no freezer ou no congelador.
•
Se o frasco não ficou cheio, você pode completá-lo em outro momento.
•
Para completar o volume de leite no frasco sob congelamento, utilize um copo de
vidro previamente fervido por 15 minutos, e escorra-o sobre um pano limpo até
secar.
•
Coloque o leite recém-ordenhado sobre o que já estava congelado até faltarem
dois dedos para encher o frasco.
•
Guarde imediatamente o frasco no freezer ou no congelador.
•
Após a ordenha em que o frasco de vidro esteja completo, a mãe deve ligar para
o banco de leite humano.
•
O frasco com o leite congelado deverá ser transportado adequadamente para o
banco de leite humano, em até 10 dias da data da primeira coleta.
Como conservar o leite coletado?
O leite humano ordenhado pode ficar no freezer
ou no congelador da geladeira por até 10 dias, quando deverá ser transportado
ao banco de leite humano.
Confira
aqui o
banco de leite mais próximo de sua residência.
Beijos
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Com informações do Blog da Saúde
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