Os benefícios do aleitamento materno
não se pode negar. Conseguir amamentar o bebê exclusivamente no peito é uma
tarefa – como a gente viu aqui nessa série de matérias e se depara diariamente
na nossa vida e na de outras mães – que requer muita dedicação. Mas, difícil também
é conseguir levar esse período de aleitamento a um tempo ainda maior.
Eu mesma, por exemplo, só tive esse
privilégio até os 10 meses, no caso de minha filha mais velha, e os 8, agora
com a mais nova, por motivos de saúde meu. Mas, se pudesse, acho que tinha
estendido beeeem mais esse prazer de estar com minhas filhas ao seio, dando
mais que alimento físico. As vantagens da amamentação prolongada hoje já são
reconhecidas (embora ainda tenha quem, inclusive profissionais de saúde, ache
que é um leite sem nutrientes :o ), no entanto, por incrível que pareça, infelizmente,
há quem olhe torto para as mães que amamentam os filhos por um período maior.
Os três filhos – Andréc com 6, Anne
com quase 5 e Samuel de 2 anos e 9 meses – da enfermeira e doula Priscila Costa
sempre mamaram além dos 6 meses. O mais velho mamou até os 11 meses e desmamou sozinho,
pois, por inexperiência, ela ofereceu mamadeira aos 9 meses, quando engravidou
da segunda filha. “Com a diminuição das mamadas, diminuiu a produção do leite e
ele perdeu o interesse”, contou. Já a segunda mamou até 1 ano e 6 meses. Nesse
tempo, a pequena já tomava leitinho no copo e Priscila estava no terceiro mês
de gestação do terceiro filho. E esse é o que mais mamou. Ops, melhor, o que
mais está mamando. Prestes a completar 3 anos em outubro, Samuel sempre que deseja
ainda complementa a sua alimentação no peito da mamãe.
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Priscila e seus 3 bebês: muito amor vindo do peito |
“Sempre quis amamentar, minha mãe nos
amamentou até 2 anos e 3 meses, e desde cedo sempre ouvi dos benefícios. Na
faculdade tive contato com aleitamento e bancos de leite, e quando me veio a
maternidade não tive dúvidas: eu queria amamentar. Nunca pensei em não
amamentar após os 6 meses, sempre quis continuar. Eu tenho apego pelo natural,
e creio que Deus deu o melhor leite para nossos bebês: o nosso!”, disse
Priscila.
Com a maternidade, ela se interessou
muito por esse assunto e começou a ajudar as amigas nesse enfrentamento. “Depois
que tive o terceiro, comecei a trabalhar com suporte a mães que enfrentavam
dificuldades, porque, por experiência, via que a maioria das mães que não
amamentavam não tinha sucesso por falta de ajuda e informação”, observou.
Benefícios
Para Priscila, os benefícios da amamentação
prolongada são inúmeros. O principal, disse ela, é o vínculo que se forma entre
mãe e filho. “Muitos diriam que o bebê fica manhoso, mas eu acho muito
importante a ligação que eles têm comigo”, destacou. No quesito saúde, Priscila
ressaltou que os estudos já mostram que o leite materno continua sendo uma fonte importante de proteína,
gordura, cálcio e vitaminas, mesmo após os dois anos de vida. A criança já se alimenta normalmente, sendo que
alimentos e leite materno se complementam na nutrição da criança.
Como mãe
e estudiosa Priscila revelou que pesquisas mostram que o leite materno durante
o segundo ano de vida da criança é muito parecido com o leite no primeiro ano. Outro
fator, segundo ela, seria o menor índice de
alergias. “Eu tenho filhos alérgicos e sofri com o desmame precoce – pra mim
foi! – (risos) do primeiro filho. Optei por amamentar em livre demanda e sem
limite de idade justamente para evitar o contato deles com alimentos
alergênicos. Sendo o principal deles o leite de vaca”, disse.
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Naiane e Yossef Noah |
Quando Noah
completou 2 anos, ela voltou a trabalhar e as mamadas foram diminuindo. Nesse período
ela engravidou novamente e aí conversou com ele sobre deixar o peitinho agora
para o irmão. “Tanto no amamentar quando no desmame sofri um pouco. Porém, com determinação,
foco e visualizando sempre o melhor do meu filho, graças a Deus, consegui. Vale
a pena tentar”, frisou Naiane.
A amamentação prolongada tem ainda os
benefícios para a mãe, que, segundo estudos, são vários também, como a redução
do risco de alguns tipos de câncer ligados diretamente a mulher. “Minha postura
com a maternidade sempre foi correr atrás de informação. Eu sofri com a
inexperiência com meu primeiro filho e a partir dai passei a ler muito sobre
tudo que envolvia esse universo. Quando um profissional me dava um conselho que
não seguia a ordem natural de alimentação e aleitamento, eu corria atrás de
leituras e se necessário, corria do profissional também. Conhecer novas
opiniões pode ajudar.
Críticas
Engana-se quem pensa que essas mães que levam a amamentação
prolongada vivem e elogios e reconhecimento. Olhares tortos e críticas são
comuns, muito comuns, dizem elas. “Se eu ouço críticas? Muitas! E como! Ouvi
que ia ficar mimado, que não ia comer, que ia ficar desnutrido etc... Ouvi que
minha segunda filha era gordinha porque eu amamentava demais, e que meu caçula
era magrinho porque mamava demais (oi?)”, contou Priscila, acrescentando que seus
filhos se alimentam bem e o que mais mamou é o que mais come. “Nunca vi um
apetite daquele”.
Ela também por duas vezes, recebeu indicação de tratamentos que
não eram permitidos em aleitamento. “Ouvi de médicos que minha saúde era mais importante
e que meu leite era ‘água’ pra ele... Fui procurar novas opiniões e tudo se
resolveu sem que eu precisasse desmamar”.
Para quem está passando por essa
situação de só ouvir crítica porque optou pela amamentação prolongada, o
conselho de Priscila é que não desanimem. “Procurem informação e continuem
amamentando, se esse é o desejo de vocês. Vale a pena, em todos os sentidos. Fórmula
nunca será tão saudável quanto’. Procurem um profissional atualizado e que seja
realmente a favor do aleitamento. Procurem ajuda quando enfrentarem dificuldades,
mas não desistam”, aconselha Priscila.
Ela observa que cada uma sabe de seus
limites e a amamentação prolongada deve ser uma escolha consciente da mulher. “Se
esse é seu desejo, leia desde o início sobre e converse com a família sobre sua
decisão. Isso ajuda no enfrentamento e aceitação de todos”, acrescentou.
Conversas com outras mães para troca de experiências, grupos em
redes sociais de apoio a amamentação também ajudam no apoio às mães que estão
vivendo essas críticas. No Facebook existem alguns bem interessantes como o “Aleitamento
Materno Solidário” e “Grupo Virtual de Amamentação”, que também dispõem de
arquivos valiosos para leitura, inclusive sobre amamentação prolongada. Há também
o Blog Comunidade Aleitamento Materno Solidário também
conta com muitos textos e estudos.
VEJA ISSO:
No
segundo ano de vida, 500ml de leite materno proporciona à criança:
95% do
total de vitamina C necessário
45% do
total de vitamina A necessária
38% do
total de proteína necessária
31% de
caloria do total necessária
Fonte: (UNICEF/Wellstart:
Promoting Breastfeeding in Health Facilities: A short course for Administrators
and Policy Makers; WHO/CDR 93.4)
Beijos
@conversinhademae
(no IG)
@conversinhadmae
(no Twitter)
Estou escrevendo sobre o assunto no meu blog e adorei o seu texto!!! Tenho 3 filhas e amamentei as três. A última até os 3 anos de idade!!!
ResponderExcluirParabéns pelo blog!!!
BJKS