No
Brasil, onde já foram identificados casos de ingestão acidental, o Inmetro e a
ONG Criança Segura lançam uma campanha de conscientização nacional, com o
intuito de alertar pais, responsáveis, classe médica e institutos de ensino
infantil sobre o perigo, antecipando a uma ação global que começa em junho, com
diversos países envolvidos.
“Desenvolvemos
diversas ações de divulgação para que o maior número de pessoas possível tenha
conhecimento. Equipamentos finos e compactos, como controles remotos de TV e
ar-condicionado, chaves de carro, pequenas calculadoras, relógios, cartões e
velas musicais, MP3 e lanternas, além de tênis e roupas com pisca-pisca, usados
no dia a dia, têm compartimentos de bateria de fácil abertura. Muitos pais
desconhecem o risco que isso representa para as crianças”, destaca Paulo
Coscarelli, assessor da Diretoria de Avaliação da Conformidade do Inmetro.
“Ao
mesmo tempo, fazemos um alerta à classe médica em função da dificuldade no
diagnóstico em caso de acidente. Os sintomas apresentados pela criança, como
febre e dor de estômago, podem ser facilmente associados a resfriados, viroses
ou alergias, e não ao fato de ela ter ingerido ou introduzido uma bateria na
narina”, completa.
A
ingestão acidental pode causar lesões significativas e permanentes, e levar até
mesmo à morte. Pequenas baterias, que podem ter o tamanho de um botão ou de uma
moeda, podem se alojar na garganta de uma criança, onde a saliva imediatamente
desencadeia uma corrente elétrica, causando uma reação química que provoca
queimaduras severas no esôfago, em menos de duas horas. A gravidade da
queimadura pode piorar, mesmo depois de a bateria ter sido removida. O
tratamento pode envolver alimentação, uso de tubos de respiração e cirurgias.
“Este
é um acidente que pode ter consequências muito sérias e acontece de forma
silenciosa, por isso é importante uma avaliação dos pais e cuidadores de todos
os riscos em casa e nos locais que a criança convive”, declara Alessandra
Françoia, coordenadora nacional da ONG Criança Segura.
Diferentemente
de brinquedos, que são obrigados a ter um compartimento para baterias seguro e
resistente a crianças, os dispositivos eletrônicos em geral não têm essa opção
e estão amplamente disponíveis e acessíveis em muitos lares. O Inmetro também
estuda desenvolver um regulamento para o uso seguro dessas baterias em
diferentes produtos. No momento, reúne informações sobre o assunto por meio de
benchmarking internacional, e pretende envolver o setor produtivo de pilhas e
baterias na discussão sobre redução de riscos.
“É
importante que todos os casos de acidentes sejam relatados no Sistema Inmetro
de Monitoramento de Acidentes de Consumo, pela internet, para fundamentar uma
possível regulamentação do uso de baterias em produtos”, complementa
Coscarelli.
No Mundo
Internacionalmente,
algumas agências de segurança de produtos já estão trabalhando ativamente na
sensibilização do consumidor quanto aos perigos da “bateria botão”. Na
Austrália, onde uma criança de 4 anos morreu em 2013 em decorrência de ingestão
acidental, a Comissão Australiana de Competição e Consumo (ACCC) tem atuado em
parceria com a fabricante Energizer e a ONG Kidsafe em uma campanha de
conscientização direcionada a médicos e associações da classe.
Estatísticas
Aproximadamente
11% de todos os casos requerem internação. Nos Estados Unidos, foram
identificadas 13 mortes entre 1997 e 2009. As vítimas tinham idades entre 11
meses e 3 anos. A investigação conduzida nos EUA indica que as baterias
ingeridas por crianças com menos de 6 anos aconteceu ao usar um produto (62%
dos casos); ao manipular baterias soltas (30%), ou no manuseio de embalagens de
bateria (8%). Apesar de casos como estes não serem tão frequentes, o índice de
letalidade é considerado alto: cerca de 50% das crianças vítimas desse tipo de
ingestão acidental morrem em função da demora no diagnóstico e da gravidade das
lesões.
FIQUE ATENTO: dicas de segurança
-
Deixe equipamentos com baterias botão fora de alcance quando o compartimento da
bateria não for seguro e trave as baterias frouxas.
-
Se a criança engolir a bateria botão, imediatamente procure atendimento médico
de emergência. Não a deixe comer ou beber e não estimule o vômito.
-
Os sintomas podem ser similares aos de outras doenças, como tosse, ‘babação’ e
desconforto. Como as crianças conseguem respirar normalmente, o diagnóstico
pode ser difícil.
-
Relate o caso no Sistema Inmetro de Monitoramento de Acidentes de Consumo, o
que poderá fundamentar uma possível regulamentação do uso de baterias.
Beijos
@conversinhadmae
Nenhum comentário:
Postar um comentário