O
álcool líquido é um dos principais agentes causadores de queimadura infantil, segundo
pesquisa na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP. O estudo
revela, ainda, que as crianças se queimam durante brincadeiras ou tentando
fazer comida, além da inexperiência tanto delas próprias, como de seus
familiares, no manejo de líquidos inflamáveis. Para a autora do estudo, a
enfermeira Iara Cristina da Silva Pedro, essas constatações confirmam a
necessidade de ações preventivas para evitar queimaduras e mais pesquisas para
identificar como esses acidentes acontecem.
Ela
lembra, ainda, que no Brasil, existem centros especializados em tratamento de
queimaduras. Mas, quando o acidente acontece, o primeiro contato é feito com
unidades básicas de saúde, de pronto atendimento e prontos-socorros. Por isso a
necessidade de treinar, principalmente os profissionais que atendem nesses
locais. “Nem sempre os profissionais da saúde estão preparados para atender
casos assim. Por essa razão, às vezes, os centros de tratamento ficam
sobrecarregados com casos simples que poderiam ser resolvidos na rede básica e,
também, em casos de queimaduras mais graves, os pacientes ficam com sequelas
funcionais”, descreve a enfermeira.
A
pesquisa foi feita no Centro de Tratamento de Queimaduras do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP, entre
janeiro de 2012 e junho de 2013, e contou com 20 participantes — seis crianças
e 14 familiares. “Nem sempre as famílias participantes do estudo conseguiam
enxergar que eram vulneráveis a esse tipo de acidente”, afirma Iara, que vê que
os profissionais da saúde devem alertar os pacientes sobre o risco de
queimaduras. “Despertar a consciência é o primeiro passo para que possamos
pensar em atitudes preventivas dentro do ambiente doméstico”, completa.
Vítimas
André,
Bruna, Camila, Daniel, Eduardo e Felipe — nomes fictícios — participaram da
pesquisa. Todos sofreram queimaduras ainda quando crianças, entre um e nove
anos. Pelos relatos deles é possível identificar a ausência de um adulto no
ambiente onde ocorreu o acidente e o hábito das crianças de fazerem atividades
junto com seus responsáveis.
Camila,
de oito anos, brincava de ‘comidinha’ com sua prima e, depois de acenderem o
fogo com um isqueiro, tiveram a ideia de usar álcool para a chama ficar mais
forte. Camila, então, entrou em casa e pegou um pouco da substância e levou
para onde estavam brincando em um potinho de iogurte. No meio do caminho, a
garota tropeçou em uma pedra. “Foi aí que o álcool caiu no fogo e chama a
queimou”, conta a pesquisadora.
Já
com Eduardo foi diferente. O menino de nove anos estava em casa com sua mãe e
de repente houve queda de energia. “A irmã de Eduardo estava com medo de tomar
banho no escuro e a mãe tentou acender um lampião, mas não conhecia o processo
de acendimento da peça”, relata Iara. Com o auxílio de uma vela, ela tentou
encaixar o lampião no botijão de gás, que acabou furando. O vazamento de gás,
em contato com a chama, causou uma explosão intensa e Eduardo, que estava fora
da cozinha, correu para socorrer a mãe e acabou se ferindo.
Segundo
a pesquisadora, ao contrário do que muitas pessoas pensam, o mais indicado em
casos de queimaduras que envolvem fogo é jogar água, porém, rolar no chão para
abafar o fogo também pode ser uma solução. “A água tem que estar presente, seja
na hora da queimadura ou depois. Mesmo que o fogo já esteja apagado, é bom ir
para debaixo d’água para que a queimadura não se aprofunde.” Produtos como
café, pasta de dente, açúcar, clara de ovo e tantos outros não devem ser
utilizados. “Até o atendimento médico, é indicado que só se utilize água”,
ressalta a Iara.
Questões
sociais, econômicas e culturais estão relacionadas a esse tipo de acidente, com
isso, Iara vê que campanhas preventivas, apesar de não abrangentes, são uma das
possíveis formas de evitar queimaduras. “A interligação entre a saúde e
educação é uma forma de promover a conscientização, afinal, essa é uma tarefa que
precisa ser realizada com frequência”, alerta. “Elaborar essas campanhas não é
uma tarefa fácil, mas os gestores públicos precisam entender que assim os
recursos podem ser investidos em outros agravos, para que a saúde da população
melhore”, conclui.
Gente,
por tudo isso, todo cuidado e atenção são poucos.
Beijos
@conversinhadmae
Fonte: Agência USP de NotíciasAnálise investiga causas de queimaduras
infantis
O
álcool líquido é um dos principais agentes causadores de queimadura infantil, segundo
pesquisa na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP. O estudo
revela, ainda, que as crianças se queimam durante brincadeiras ou tentando
fazer comida, além da inexperiência tanto delas próprias, como de seus
familiares, no manejo de líquidos inflamáveis. Para a autora do estudo, a
enfermeira Iara Cristina da Silva Pedro, essas constatações confirmam a
necessidade de ações preventivas para evitar queimaduras e mais pesquisas para
identificar como esses acidentes acontecem.
Ela
lembra, ainda, que no Brasil, existem centros especializados em tratamento de
queimaduras. Mas, quando o acidente acontece, o primeiro contato é feito com
unidades básicas de saúde, de pronto atendimento e prontos-socorros. Por isso a
necessidade de treinar, principalmente os profissionais que atendem nesses
locais. “Nem sempre os profissionais da saúde estão preparados para atender
casos assim. Por essa razão, às vezes, os centros de tratamento ficam
sobrecarregados com casos simples que poderiam ser resolvidos na rede básica e,
também, em casos de queimaduras mais graves, os pacientes ficam com sequelas
funcionais”, descreve a enfermeira.
A
pesquisa foi feita no Centro de Tratamento de Queimaduras do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP, entre
janeiro de 2012 e junho de 2013, e contou com 20 participantes — seis crianças
e 14 familiares. “Nem sempre as famílias participantes do estudo conseguiam
enxergar que eram vulneráveis a esse tipo de acidente”, afirma Iara, que vê que
os profissionais da saúde devem alertar os pacientes sobre o risco de
queimaduras. “Despertar a consciência é o primeiro passo para que possamos
pensar em atitudes preventivas dentro do ambiente doméstico”, completa.
Vítimas
André,
Bruna, Camila, Daniel, Eduardo e Felipe — nomes fictícios — participaram da
pesquisa. Todos sofreram queimaduras ainda quando crianças, entre um e nove
anos. Pelos relatos deles é possível identificar a ausência de um adulto no
ambiente onde ocorreu o acidente e o hábito das crianças de fazerem atividades
junto com seus responsáveis.
Camila,
de oito anos, brincava de ‘comidinha’ com sua prima e, depois de acenderem o
fogo com um isqueiro, tiveram a ideia de usar álcool para a chama ficar mais
forte. Camila, então, entrou em casa e pegou um pouco da substância e levou
para onde estavam brincando em um potinho de iogurte. No meio do caminho, a
garota tropeçou em uma pedra. “Foi aí que o álcool caiu no fogo e chama a
queimou”, conta a pesquisadora.
Já
com Eduardo foi diferente. O menino de nove anos estava em casa com sua mãe e
de repente houve queda de energia. “A irmã de Eduardo estava com medo de tomar
banho no escuro e a mãe tentou acender um lampião, mas não conhecia o processo
de acendimento da peça”, relata Iara. Com o auxílio de uma vela, ela tentou
encaixar o lampião no botijão de gás, que acabou furando. O vazamento de gás,
em contato com a chama, causou uma explosão intensa e Eduardo, que estava fora
da cozinha, correu para socorrer a mãe e acabou se ferindo.
Segundo
a pesquisadora, ao contrário do que muitas pessoas pensam, o mais indicado em
casos de queimaduras que envolvem fogo é jogar água, porém, rolar no chão para
abafar o fogo também pode ser uma solução. “A água tem que estar presente, seja
na hora da queimadura ou depois. Mesmo que o fogo já esteja apagado, é bom ir
para debaixo d’água para que a queimadura não se aprofunde.” Produtos como
café, pasta de dente, açúcar, clara de ovo e tantos outros não devem ser
utilizados. “Até o atendimento médico, é indicado que só se utilize água”,
ressalta a Iara.
Questões
sociais, econômicas e culturais estão relacionadas a esse tipo de acidente, com
isso, Iara vê que campanhas preventivas, apesar de não abrangentes, são uma das
possíveis formas de evitar queimaduras. “A interligação entre a saúde e
educação é uma forma de promover a conscientização, afinal, essa é uma tarefa que
precisa ser realizada com frequência”, alerta. “Elaborar essas campanhas não é
uma tarefa fácil, mas os gestores públicos precisam entender que assim os
recursos podem ser investidos em outros agravos, para que a saúde da população
melhore”, conclui.
Gente,
por tudo isso, todo cuidado e atenção são poucos.
Beijos
@conversinhadmae
Fonte: Agência USP de Notícias